O Halloween passou e ninguém mais sabe o que fazer com as abóboras. Abóbora nos Estados Unidos só serve pra fazer Jack O'Lantern ou Pumpkin pie (uma torta que o povo daqui adora, mas que eu não vejo muita graça). Cada vez que eu passava por uma casa com uma abóbora nas escadas, ou na frente do portão, me dava vontade de comer abóbora com carne seca. Foi aí que eu tive um idéia. Por que não cozinhar carne seca na moranga?

Bem, diz a sabedoria que você deve fazer pelo menos, uma coisa que te amedontra, que te assusta, por dia. E depois de sapos, não há para mim, nada mais assustador do que panelas, cozinha e temperos. 



Enfim, acordei cedo, fui ao mercado do Queens, procurar por carne seca brasileira. Não achei, mas comprei uma mexicana que parecia um pouco magra, mas era carne seca e a única carne seca que eu tinha. Faltava uma abóbora. Achar abóbora pra comprar foi mais difícil do que carne seca. "O Halloween passou, pra quê você quer uma abóbora". Ouvi isso de três comerciantes.
Quando dizia que era pra cozinhar, as pessoas me olhavam com espanto.
Tava quase decidida a roubar uma da porta da casa das pessoas, mas fiquei com medo de ser presa e ter minha vida investigada pelo FBI então decidi procurar mais um pouco.
Acabei achando num mercado aqui perto de casa, onde provavelmente deve haver pessoas que usem abóboras para outros fins a não ser lanterninhas de Halloween.
Resolvi fotografar todo o processo, porque no meu último Post sobre comida fui caluniada por algumas amigas que invejam meu talento culinário. Isso porque ambas, tem mães mega talentosas e não conseguem chegar nem às unhas, quem dirá aos pés do talento materno. Ai, ai... inveja é fogo.
Pois é amigas, essas fotos são pra provar que eu sigo os passos de Obama: Yes, we can!
E se eu posso, vocês também podem.
Como eu nunca tinha cozinhado nem carne seca, nem abóbora e muito menos carne seca na abóbora recorri ao site de minha amiga Ana Maria Braga pra pegar uma receitinha. E com a ajuda de mamãe via skype, consegui fazer esta delícia aclamada aqui em casa.
Os meninos repetiram 2 vezes, e detonaram a abóbora inteira na noite de ontem. Teve briga porque eles queriam levar quentinha pro almoço de segunda (juro), e aí... quando isso aconteceu, eu caí na real.
Resolvi parar por aqui mesmo, e me concentrar em outras atividades que não meus predicados culinários, porque ia acabar virando Amélia!
Então, fica aqui o último post sobre comidas, porque não quero que eles se acostumem...
Vou só colocar alguns comentários...


- "Nossa, muito bom pra você saber cozinhar isso, que sofisticado?" (Timóteo)

- "E não é que se come abóbora mesmo?" (ele novamente).
- "Que jantar delicioso, ainda bem que temos você aqui" (Timóteo me deixando preocupada).
- "Delicioso"(Nick).


enfim... seguem as fotos NADA MERAMENTE ILUSTRATIVAS.






1.11.09

O outono...




O outono é uma estação bonita. É frio, mas não tão gelado quanto dezembro. É seco mas não solitário quanto o inverno. É chuvoso, mas pelo menos colorido. E a presença das folhas e poucas flores amenizam a baixa temperatura e o desconforto de olhar para cima e ver apenas galhos secos de tristeza e abandono.






As árvores mudam de cor, num protesto diário e silencioso. A paisagem muda a cada dia, se você passar pela mesma rua, todos os dias da semana, verá que a cada dia algo estará diferente. É bem bonito, mas de uma beleza angustiante. Remete ansiedade, o contar dos relógios para que todas as folhas não sequem, não caiam, porque o frio está chegando.





As folhas verdes se transformam num vermelho sangue. Parece que estão em carne viva, a beira da morte, a beira do abismo. E estão mesmo. Quando caem, secam e é só o vazio.
E é assim, o outono, lindo, colorido. Uma lenta e ligeira preparação para o nada, para o vazio, pra ausência de flores, de folhas. Para a presença do branco que segundo a ciência é mistura de todas as cores, mas que para mim é a simples ausência da alegria.
Talvez eu esteja exagerando, talvez seja verdade, não sei. Mas se existe algo de bonito no sofrimento, acho que o outono é a prova viva disso.

O Halloween é o carnaval americano. Pelo menos aqui em NY.
As pessoas compram fantasias de todo o tipo, nem sempre horripilantes. Se produzem dos pés à cabeça e saem pelas ruas a procura de festas para comemorar.
As crianças também se fantasiam e batem de porta em porta com uma cesta na mão pedindo doces em troca de travessuras.
E os cachorros...
Bem, os cachorros são um caso à parte em Nova York. A população de Manhattan é estimada em 1.61 milhão de pessoas e 238 mil cachorros. Dá pra imaginar?
É como se para cada 6,7 pessoas existisse um cachorro. Então é lógico que os cachorros também comemoram Halloween.
Uma semana antes da grande festa, o Tompkins Square Park, muito famoso por seu Dog Run (uma pista especial reservado pra você soltar os cachorros, literalmente) promoveu o grande Halloween for Dogs.

Esse aí é o cachorro Marguerita...


O clássico pisioneiro...

O cachorro-galinha (esse aí pega geral!)...
Michael Jackson, porque ele ainda está na moda.


O espantalho, porque é Halloween.


Tem também o ghostbusters...








Cachorro Lápis de cera... coitado...



Os donos também se empolgam...
O aviador...

E como não poderia faltar... porque os sapos me perseguem... a princesa e seu cão-sapo... puts...

Outro dia, fiz a janta novamente. Medalhão de picanha com bacon e batatas fritas com queijo.
Não é que ficou bom!
Acreditem, porque nem eu acreditei!















Imagem meramente ilustrativa!! (óbvio, mas juro que ficou gostoso)



Casa nova, vida nova.
Depois de dez dias comendo e bebendo as custas dos outros (digo do meu namorado e seu roommate).Resolvi mostrar meu potencial culinário.
Primeiro comecei bem tímida com aquela minha especialidade que vocês conhecem bem: O brigadeiro.
O Tim, de nome Timothy, mas apelidado por mim de Tomótio adorou meu brigadeiro.


No outro dia, fiz os também famosos cookies e mais uma vez eles acharam ótimo.
Eu devia ter parado por aí. Devia ter assumido a humilde posição de doceira da casa, porém, sabem como é né. Neguinho quando quer aparecer...
Enfim, resolvi fazer o único prato salgado que sei, receita dada por Tia Zênia (ela vai pro céu), o famoso Frango bêbado de cerveja.
Tudo começou porque Nick, meu namorado, me ligou as 6:00 me perguntando o que eu queria jantar. Quando definimos o cardápio, ele me pediu:
- Será que você pode fazer o arroz?
- Claro, meu bem.
O problema é que eu não sei fazer arroz. Um simples arroz de pacotinho... Não sei.
Puts, era o meu fim. Minha verdadeira identidade de Clarck Kent iria ser desvendada. E o pior, eu não sou nem um super-men. Sou uma administradora, futura cineasta sem emprego, nem muita grana que não sabe cozinhar um arroz.
Bem, mas como todo brasileiro, que não desiste nunca, eu arrumei uma solução.
Decidi surpreendê-lo fazendo a minha especialidade!
Corri ao mercado comprei frango, e farinha de aveia (não tinha farinha de mandioca) E preparei um delicioso frango bêbado com  farofa de cenoura (receita da mamãe), tudo isso em duas horas. Incrível.
Mesmo usando aveia, a farofa ficou uma delícia.
O Timótio que quase nunca janta com a gente repetiu duas vezes, o Nick adorou. E o pior vem agora.
Os dois falaram a noite toda dos meus predicados:
- Sinta-se à vontade pra cozinhar quando quiser, disse o Nick.
- Essa comida tem um gostinho de casa, sabe? Você cozinha melhor do que miha mãe. (disse o Tim).

Gente, não preciso nem concluir, quem me conhece sabe... Qeu enrascada que me meti. E... como disse minha mãe: A mãe desse menino... sei não hein, coitada.


Estou de volta a Nova York, depois de alguns meses no Brasil. Mudei de endereço, mas as notícias por aqui, não mudaram muito desde que fui embora.
A gripe suína, ainda me persegue, e os ratos de Sunset Park também! É só ligar a TV ou abrir o jornal para descobrir que o vírus H1N1 evoluiu no status de epidemia para pandemia. Confesso que isso não me apavora. Estava aqui no auge da epidemia nos Estados Unidos quando as pessoas no Brasil ainda não sabiam o que era a gripe, mas ficavam em pânico só de pensar em vir pra cá. Conheci brasileiros apavorados que chegaram com máscaras e medo. Tudo o que eu ouvia sobre a gripe vinha do Brasil, mascarados nos aeroportos, pessoas em pânico e Lula fazendo campanha para mostrar sua eficiência no combate ao vírus! Enquanto aqui, apenas alguns chieneses usavam máscaras cirúrgicas, o que é um hábito chinês muito antes da gripe suína. O fato é que a gripe foi embora de NY para o Chile, exatamente na época em que eu fiz escala por lá na minha volta ao Brasil (sim, este vírus me persegue mesmo!).
Corria tudo bem no aeroporto e na cidade de Santiago. Contrariando minha mãe e meus amigos, eu até me aventurei a dar um rolé pela cidade nas 12 horas que deveria esperar pelo avião. Nada de mais. Não havia pessoas gripadas, nem notícias sobre a gripe no jornal ou noticiários de TV. Depois do rolé, voltei ao aeroporto de Santiago, onde pela primeira vez, vi uma manifestação sobre a o vírus H1N1.
Um grupo de pessoas, usavam máscaras cirúrgicas e pareciam bem alertas a qualquer  sinal de espirro ou tosse. Pela primeira vez, fiquei apreensiva com a tal da Gripe famosa. Mas essa apreensão durou pouco, até eu descobrir que estas pessoas, eram brasileiros. E como eu já suspeitava, as notícias sobre a gripe suína no Brasil eram bem mais impactantes do que qualquer outro lugar.
Tudo aquilo era tão estranho pra mim, primncipalmente porque com exceção deste grupo, NINGUÉM, nem os funcionários do aeroporto, usavam máscaras. Me aproximei, puxei papo, e uma das moças do grupo perguntou por minha máscara. Quando eu lhe respondi que não tinha, ela entrou em pânico e disse:
- Você pode ficar detida no aeroporto.
- Quem disse isso?
- O presidente Lula. Ele recomendou que não viajássemos, mas já tínhamos passagens compradas, não deu pra cancelar... Eu ouvi falar até que ele vai deter os suspeitos da gripe no aeroporto. Por isso, nós estamos de máscara...
- Hum, sei.
O marido se aproximou mostrando as inúmeras barganhas que eles conseguiram no Duty Free, e tradicionalmente me fez a mesma pergunta sobre a máscara e me alertou sobre o possível exílio.
Por uma fração de segundos, cheguei até a pensar que o Lula, depois de tanta proximidade e amizade com Hugo Chávez e Evo Morales estaria usando a gripe suína como motivo para golpe de estado. Lá estava eu a me imaginar fazendo protestos no próprio aeroporto: "Abaixo à ditadura! Abaixo à ditadura!".
O devaneio acabou quando a funcionária da LanChile nos convidou a embarcar.
Dentro do avião, todos usavam máscaras, com exceção dos chilenos, eu e os tripulantes. O mais engraçado foi na hora da refeição. As pessoas levantavam as máscaras, davam uma garfada, colocoavam as máscaras de novo, mastigavam e engoliam nesta angústia.
Chegando ao aeroporto Tom Jobim, um grupo de funcionários do governo, vestidos de macacão branco e máscaras tipo aquelas de criadores de abelhas, nos intelerpelavam fazendo perguntas do tipo:
- Teve febre nos últimos dias.
- Sim. (esqueci de contar, mas eu estava gripada!).
- A senhora está sob quarentena do governo federal.
Nossa que chique! Eu, em observação pelo ministério da saúde durante 40 dias. Me achei até importante, mas segui adiante sabendo que se tivesse gripada o governo não iria fazer muita coisa.
Enfim, passei ilesa pela gripe em NY, no Chile, no Brasil e agora to de volta com a notícia da pandemia. Vamos que vamos.


Outra coisa que também me persegue são os ratos do Sunset Park. Não, ainda não tive contato direto com eles, mas as notícias me foram bastante atormentadoras.
Fui visitar meu antigo apartamento e velhos amigos ainda residentes, e descobri que o Luis, matou na semana passada uma família de 4 ratos, e encontrou um bebê ratinho, dois dias depois da matança, morto sozinho, provavelmente de fome.
Sim, Luis dizimou uma família, e eu quase tive um troço quando soube. Ainda bem que aqui no novo apê, não tem supermercado embaixo, e eu moro no 5 andar.
Os ratos ainda têm muitas outras famílias para atormentar antes da nossa. Assim espero.

É com muita alegria e CERTEZA que informo que o Rato morreu ontem à noite.
Não vi o corpo, mas soube da informação através de um e-mail do meu roommate. Segundo Matthew o rato não teve uma morte indolor.
Depois de ter seu corpo preso na armadilha de cola por duas vezes ao lingo desta semana, e ter perdido muitos pelos ao se livrar da ratoeira, Mr. Mouse resolveu tirar a própria vida.
Comeu um pouco de manteiga de amendoim com veneno, mas antes que morresse envenenado deitou sua cabeça numa ratoeira que não tinha NEM UM POUCO DE COMIDA.
Agora a pergunta que não quer calar...

O que será que passou pela cabeça deste pobre rato minutos antes a atentar contra a própria vida?


Obs: O ratinho aí da foto fica na parede daqui do apartamento. A idéia era mostrar aos ratos como os moradores do apartamento #3 do edifício 4808 são maus. E por consequência espantar todo e qualquer roedor que se atrevesse morar por aqui...
Pelo visto não deu certo, o rato chegou, armou acampamento e fez do meu quarto seu lar por mais de 15 dias... (sem pagar aluguel).
Mas sabe que pensando bem, este monumento pode até ser um dos motivos do suicídio... Quem sabe ele não quis copiar o rato da parede e acabou fazendo o mesmo...