Casa nova, vida nova.
Depois de dez dias comendo e bebendo as custas dos outros (digo do meu namorado e seu roommate).Resolvi mostrar meu potencial culinário.
Primeiro comecei bem tímida com aquela minha especialidade que vocês conhecem bem: O brigadeiro.
O Tim, de nome Timothy, mas apelidado por mim de Tomótio adorou meu brigadeiro.


No outro dia, fiz os também famosos cookies e mais uma vez eles acharam ótimo.
Eu devia ter parado por aí. Devia ter assumido a humilde posição de doceira da casa, porém, sabem como é né. Neguinho quando quer aparecer...
Enfim, resolvi fazer o único prato salgado que sei, receita dada por Tia Zênia (ela vai pro céu), o famoso Frango bêbado de cerveja.
Tudo começou porque Nick, meu namorado, me ligou as 6:00 me perguntando o que eu queria jantar. Quando definimos o cardápio, ele me pediu:
- Será que você pode fazer o arroz?
- Claro, meu bem.
O problema é que eu não sei fazer arroz. Um simples arroz de pacotinho... Não sei.
Puts, era o meu fim. Minha verdadeira identidade de Clarck Kent iria ser desvendada. E o pior, eu não sou nem um super-men. Sou uma administradora, futura cineasta sem emprego, nem muita grana que não sabe cozinhar um arroz.
Bem, mas como todo brasileiro, que não desiste nunca, eu arrumei uma solução.
Decidi surpreendê-lo fazendo a minha especialidade!
Corri ao mercado comprei frango, e farinha de aveia (não tinha farinha de mandioca) E preparei um delicioso frango bêbado com  farofa de cenoura (receita da mamãe), tudo isso em duas horas. Incrível.
Mesmo usando aveia, a farofa ficou uma delícia.
O Timótio que quase nunca janta com a gente repetiu duas vezes, o Nick adorou. E o pior vem agora.
Os dois falaram a noite toda dos meus predicados:
- Sinta-se à vontade pra cozinhar quando quiser, disse o Nick.
- Essa comida tem um gostinho de casa, sabe? Você cozinha melhor do que miha mãe. (disse o Tim).

Gente, não preciso nem concluir, quem me conhece sabe... Qeu enrascada que me meti. E... como disse minha mãe: A mãe desse menino... sei não hein, coitada.


Estou de volta a Nova York, depois de alguns meses no Brasil. Mudei de endereço, mas as notícias por aqui, não mudaram muito desde que fui embora.
A gripe suína, ainda me persegue, e os ratos de Sunset Park também! É só ligar a TV ou abrir o jornal para descobrir que o vírus H1N1 evoluiu no status de epidemia para pandemia. Confesso que isso não me apavora. Estava aqui no auge da epidemia nos Estados Unidos quando as pessoas no Brasil ainda não sabiam o que era a gripe, mas ficavam em pânico só de pensar em vir pra cá. Conheci brasileiros apavorados que chegaram com máscaras e medo. Tudo o que eu ouvia sobre a gripe vinha do Brasil, mascarados nos aeroportos, pessoas em pânico e Lula fazendo campanha para mostrar sua eficiência no combate ao vírus! Enquanto aqui, apenas alguns chieneses usavam máscaras cirúrgicas, o que é um hábito chinês muito antes da gripe suína. O fato é que a gripe foi embora de NY para o Chile, exatamente na época em que eu fiz escala por lá na minha volta ao Brasil (sim, este vírus me persegue mesmo!).
Corria tudo bem no aeroporto e na cidade de Santiago. Contrariando minha mãe e meus amigos, eu até me aventurei a dar um rolé pela cidade nas 12 horas que deveria esperar pelo avião. Nada de mais. Não havia pessoas gripadas, nem notícias sobre a gripe no jornal ou noticiários de TV. Depois do rolé, voltei ao aeroporto de Santiago, onde pela primeira vez, vi uma manifestação sobre a o vírus H1N1.
Um grupo de pessoas, usavam máscaras cirúrgicas e pareciam bem alertas a qualquer  sinal de espirro ou tosse. Pela primeira vez, fiquei apreensiva com a tal da Gripe famosa. Mas essa apreensão durou pouco, até eu descobrir que estas pessoas, eram brasileiros. E como eu já suspeitava, as notícias sobre a gripe suína no Brasil eram bem mais impactantes do que qualquer outro lugar.
Tudo aquilo era tão estranho pra mim, primncipalmente porque com exceção deste grupo, NINGUÉM, nem os funcionários do aeroporto, usavam máscaras. Me aproximei, puxei papo, e uma das moças do grupo perguntou por minha máscara. Quando eu lhe respondi que não tinha, ela entrou em pânico e disse:
- Você pode ficar detida no aeroporto.
- Quem disse isso?
- O presidente Lula. Ele recomendou que não viajássemos, mas já tínhamos passagens compradas, não deu pra cancelar... Eu ouvi falar até que ele vai deter os suspeitos da gripe no aeroporto. Por isso, nós estamos de máscara...
- Hum, sei.
O marido se aproximou mostrando as inúmeras barganhas que eles conseguiram no Duty Free, e tradicionalmente me fez a mesma pergunta sobre a máscara e me alertou sobre o possível exílio.
Por uma fração de segundos, cheguei até a pensar que o Lula, depois de tanta proximidade e amizade com Hugo Chávez e Evo Morales estaria usando a gripe suína como motivo para golpe de estado. Lá estava eu a me imaginar fazendo protestos no próprio aeroporto: "Abaixo à ditadura! Abaixo à ditadura!".
O devaneio acabou quando a funcionária da LanChile nos convidou a embarcar.
Dentro do avião, todos usavam máscaras, com exceção dos chilenos, eu e os tripulantes. O mais engraçado foi na hora da refeição. As pessoas levantavam as máscaras, davam uma garfada, colocoavam as máscaras de novo, mastigavam e engoliam nesta angústia.
Chegando ao aeroporto Tom Jobim, um grupo de funcionários do governo, vestidos de macacão branco e máscaras tipo aquelas de criadores de abelhas, nos intelerpelavam fazendo perguntas do tipo:
- Teve febre nos últimos dias.
- Sim. (esqueci de contar, mas eu estava gripada!).
- A senhora está sob quarentena do governo federal.
Nossa que chique! Eu, em observação pelo ministério da saúde durante 40 dias. Me achei até importante, mas segui adiante sabendo que se tivesse gripada o governo não iria fazer muita coisa.
Enfim, passei ilesa pela gripe em NY, no Chile, no Brasil e agora to de volta com a notícia da pandemia. Vamos que vamos.


Outra coisa que também me persegue são os ratos do Sunset Park. Não, ainda não tive contato direto com eles, mas as notícias me foram bastante atormentadoras.
Fui visitar meu antigo apartamento e velhos amigos ainda residentes, e descobri que o Luis, matou na semana passada uma família de 4 ratos, e encontrou um bebê ratinho, dois dias depois da matança, morto sozinho, provavelmente de fome.
Sim, Luis dizimou uma família, e eu quase tive um troço quando soube. Ainda bem que aqui no novo apê, não tem supermercado embaixo, e eu moro no 5 andar.
Os ratos ainda têm muitas outras famílias para atormentar antes da nossa. Assim espero.