Eu tirei mais de 3000 fotos do Festival Cherry Blossom, que aconteceu no fim de semana passado.

Foi difícil escolher quais fotos postar aqui. Mais difícil ainda é escrever sobre a beleza do lugar mais lindo que já fui na vida. Escrever sobre beleza é mais difícil do que escrever sobre o amor.
O amor não tem explicação, mas também não há quem não o reconheça, quem não o valorize.

A beleza não. A beleza é diferente. Tem gente que critica, que acha que não é importante, que defende a inteligência, a tecnologia, a bondade e outros temas ao contrário do que é belo. Como se para ser inteligente é preciso ser feio, ou vice-versa. A beleza é o que salva a vida. É o que dá sentido ao que não tem sentido. E por isso, é tão difícil escrever sobre.


O Cherry Blossom tem um significado muito especial para mim desde que cheguei em NY pela primeira vez no ano passado.
As primeiras fotos que vi sobre a cidade, foram do festival do ano passado. Eu cheguei em julho, dois meses depois, e me prometi que algum dia eu voltaria aqui para ver as flores que vi nas fotos. Mesmo sem saber, eu que também já fui crítica da beleza, queria ser salva pelas flores rosas do Cherry.

Eu não sabia que começava a mudar meus conceitos sobre a importância do que é belo, nem tão pouco imaginava, que o dia da salvação estaria próximo. Logo ali, no ano seguinte.



Para mim, o Cherry Blossom foi mais do que um motivo para voltar. Foi a razão pela qual eu resisti de um inverno tão sofrível.

Todas as vezes que pensei em voltar para casa (foram muitas) por causa do vento frio, da falta de calor humano, da tristeza e solidão que é NY no inverno, eu sempre pensava "se eu voltar, não vou ver o cherry blossom".

Então eu decidia aguentar por mais um dia, por mais uma semana...


As flores da cerejeira só abrem uma vez por ano. E duram tão pouco, menos de uma semana. Primeiro dos galhos secos brotam pequenos botões de um rosa bem escuro anunciando que o inverno já se despede e a primavera vem nos recompensar do sofrimento. Depois, os botões rosa escuro se abrem e as flores nascem. De um dia para o outro elas brotam com uma rapidez inexplicável. E o parque se enche de pessoas que vêm apreciar. As flores são muito delicadas, formadas por várias pequenas pétalas de um rosa bem clarinho...
O vento sacode os galhos, as pétalas caem como chuva. E formam um tapete rosa sobre a grama ou o chão de cimento.
Uma semana depois, tudo que o vento não foi capaz de derrubar, seca e cai. As árvores são agora apenas folhas. Como qualquer outra árvore do parque. Todas as pessoas que visitam o Botanical Garden depois do festival trazem consigo uma nostalgia, uma melancolia, saudades do tempo da primavera. Uma saudade da beleza que esperamos por quase um ano, e que só durou uma semana. Mas que valeria apena mesmo que se fosse por dia. Há pessoas que não se conformam, que acham que o bele deve durar eternamente. Assim como o amor. Eu acho que não. Tudo que é eterno não é importante. Não tem valor. Tudo que é belo precisa morrer, para conservar a beleza.



Até o ano que vem!



Veja o desenvolvimento da Cherry



Março, Abril e Maio...

Aprecie a chuva de pétalas

Chovendo de verdade




Um passeio do Cherry Walk

2 comentários:

Pequena disse...

Lindo demais!
Dentre os vários motivos pelos quais eu gostaria de um dia conhecer o Japão está o espetáculo a parte que são as cerejeiras na primavera.
Não sabia que era possível admirar esse espetáculo, nessa magnitude, aí em NY também.
Confesso, estou com inveja por vc ter realizado um dos meus grandes sonhos. Mas que bom que pelo menos foi vc e está aqui compartilhando conosco.

Vc costuma classificar NY sempre como cosmopolita. E agora digo: é, mais que pensamos ou supomos.

Pinguela Filmes disse...

É, isso aqui é lindo demais, e o pior de tudo é que só as porcarias de NY que aparecem na TV. Times Square, o povo comprando tudo desesperadamente, os shows de Broadway (desculpe que gosta mas eu detesto)....
o que me encanta nesta cidade, só os nova iorquinos conhecem....