Há umas duas sextas-feiras eu fui a um evento no Centro de Cultura Turca daqui de NY, assistir uma palestra sobre Rumi, o Poeta turco.


Eu não conhecia o Rumi, nem muito menos o sufismo e agora que o conheço não consigo entender como passei tanto tempo de minha vida sem ouvir falar neste poeta, profeta, filósofo ou qualquer outra palavra incompleta e incapaz de descrever seu trabalho.

A gente é tão possuído pelas "verdades" ocidentais que assimilamos tudo que vem do oriente como exótico ou interessante. Rumi é bem mais do que isso. Mas apesar de toda minha ignorância acabei por descobrir que Rumi é o poeta mais popular dos Estados Unidos.

Rumi foi um poeta, muçulmano, persa do século XIII. Ele nasceu onde hojé é o Afeganistão, e o que na época era parte da Pérsia.

Todo seu trabalho fora escrito na linguagem poética o que era muito comum na época. Após sua morte, seus seguidores fundaram a Ordem Sufi, também conhecida como ordem dos Dervishes girantes, famosos por sua dança Sufi conhecida como cerimônia sema.
O sufismo é a corrente mística e contemplativa do Islão. Os praticantes do sufismo, conhecidos como sufis ou sufistas, procuram uma relação direta com Deus através de cânticos, música e danças. Neste evento em NY, eu pude conhecer um pouco mais sobre a cerimônia e descobri que no Youtube.com é possível assistir alguns vídeos e conhecer a dança.

Existem várias correntes e práticas do Sufi. A ordem dos Dervishes girantes fundada pelos seguidores de Rumi é apenas uma delas.
Os Devishes girantes também são conhecidos como Mevlevis dedicam sua vida a Deus. A ordem funciona como um monastério, conhecido como mevlevihane, a casa do Mevlevis. Para se tornar um Mevlevis basta apenas ser homem. Não há nenhuma outra restrição. O primeiro passo é se purificar de tudo que vem do mundo exterior. Assim que chega ao monastério, o candidato a Mevlevis passa por uma série de provações como jejum voluntário, isolamento, trabalhos comunitários dentro do monastério como limpeza dos banheiros etc. Ele pode desistir a qualquer momento e se ao final de todo processo ainda persistir no monastério, ele estará apto para servir a Deus. O jejum, isolamento e o trabalho no monastério servem como ferramenta para o afastamento da vida mundana.

As cerimônias são secretas (pelo menos eram até se tornarem uma fonte de renda turística). Eles começam vestidos com uma túnica branca e outra preta por cima. O chapéu na cabeça simboliza a tumba. A roupa preta, a terra. Então, para encontrar Deus, o Mevlevis se desfaz da terra e começa a girar, a medida que ele gira ele se abre para a vida, para o encontro de Deus.


O pensamento sufi nasceu no Oriente Médio, no século VIII, mas se encontra hoje por todo o mundo. Na Indonésia, atualmente a nação com maior número de muçulmanos, o islão foi introduzido através das ordens sufis que podem estar também associadas ao islão xiita, sunita ou várias outras correntes.
Quando o Talibã ficou famoso, primeiro por destruir as estátuas gigantes do Buda, e depois pelo inesquecível atentado do 11 de Setembro, o mundo e a cultura islamica ficou erroneamente associado a essa corrente extremista. O que é uma pena. E o que acaba nos impedindo de conhecer melhor a cultura muçulmana.
Uma coisa curiosíssima que também descobri durante as pesquisas para escrever este post, foi sobre o Faquir.
Toda vez que ouço ou leio esta palavra me lembro de minha mãe. Não sei se vocês são como eu que guarda pequenos fragmentos da infância em imagens e cheiros, e algumas palavras. "Faquir" é uma delas. Eu me vejo com uns 7 ou 8 anos e minha mãe contando algo engraçado e curioso sobre o Faquir.
Para quem nunca teve uma mãe que contava casos sobre Faquir, lá vai uma pequena explicação. Faquir é um asceta, ou seja uma pessoa que renuncia a todos os prazeres da vida ou até mesmo a não satisfação de algumas necessidades primárias, com o fim de atingir determinados fins espirituais. Eles são capazes das mais terríveis provações e resistências para ficar o mais próximo possível a Deus. Provações estas como andar sobre fogo, viver de esmolas ou deitar-se sobre pregos.
O que eu descobri, é que os faquires eram devixes sufis, eremitas, que sobreviviam da mendicância. "O uso do termo Faquir foi desenvolvido na índia, quando a palavra árabe Faqīr, "pobreza", foi trazida aos idiomas locais pelo persa falado pelas elites islâmicas, adquiriu o sentido místico da necessidade espiritual de Deus - o único a ser auto-suficiente." Wikipedia.

1 comentários:

Pequena disse...

Interessante. Não sabia dessa ligação dos faquires com os sufis.
Aqui no ocidente temos o hábito de encarar os extremos como algo ruim. E de chamar de extremista aquilo que é diferente do que estamos acostumados...
Tudo não passa de um simples ponto de vista, de onde você está quando da análise.
Bondade e maldade independem de raridade, popularidade, extremidade ou centralidade.