Estou apaixonada por um vaso de tulipas que ganhei da Simone.
Elas são rosa quase xoque e parecem tão perfeitas que até esqueci de regá-las pensando que eram de plástico.
Eu me assusto com artificial que dita a perfeição nos dias de hoje, será? Tomara que não. Tomara que seja apenas um delírio instantâneo essa minha absurda idéia de comparar uma beleza natural à perfeição plástica. Talvez seja um resquício cultural, talvez seja porque eu sou filha do país que mais realiza cirurgias plásticas no mundo e essa idealização pelo perfeito, me força a procurar a perfeição inexistente em qualquer coisa. Me força a comparar uma flor natural que nasce e morre, a uma de plástico que suja e acumula poeira.
Mas apesar de quase ter me esquecido de regá-las, a minha paixão pelas tulipas vai além do aspecto físico, plástico ou natural. O que me encanta é a capacidade que a flor tem de se abrir e fechar para o mundo e o poder de ser sozinha, de ser independente.
A tulipa é uma flor independente. Flor que nasce da terra sem necessidade de arbustros como as rosas e as azaléias. Ela é só flor que nasce direto do chão, assim, crua. E isso me encanta, me fascina.
O que também me fascina é esse dinamismo que ela tem em se abrir, expôr seus segredos e de repente, quando percebe que se expôs demais, ela se resguarda. Ontem, fui dormir e suas pétalas estavam todas abertas. Hoje quando acordei, pareciam novas. Fechadas pro mundo como se tivessem acabado de nascer. Talvez foi o arrependimento de ter passado a noite toda, de um sábado revelando seus segredos para quem quisesse ouvir e ver. Talvez seja só o desejo de se recolher num domingo frio de início de primavera. Domingos frios são para isso.
Talvez seja um protesto pelo esquecimento da dona que a confundiu com um plástico, que a admirou por parecer falsa. Talvez seja apenas uma questão biológica, a escassêz de água da dona displicente que revela a falta completa de independência de uma flor tachada como auto-suficiente. Nem sempre independência é antagônica a morte. Às vezes, muitas vezes, ela é sinônimo!

2 comentários:

Unknown disse...

hum... adorei o texto... mas... tenho que dizer que não vejo de forma tão poética o seu esquecimento... é a sua cara deixar a "bichinha" morrer seca... rs
bjinhos... e saudades da sua displicência... hehehe

Pequena disse...

Tadinha... fico poetisando com a linda flor e esquece que ela não passa de uma planta e como tal, um pouco de água e sol vão bem... hahahhaah