Nas minhas andanças acabei encontrando um bairro árabe aqui no Brooklyn. Os árabes são pessoas sorridentes e comunicativas. Não houve um único momento em que eu conseguisse ficam sozinha, na minha, sem retribuir sorrisos, olhares ou acenos.










Eu caminhei o tempo todo com a câmera pendurada no pescoço e muitos homens me pediram para fotografá-los. Nunca mulheres de véus. Não sei se é timidez, ou a própria cultura muçulmana que não permite que as mulheres fiquem confortáveis na frente de câmeras. O engraçado é que mesmo não se permitindo ser fotografadas elas também se aproximavam para perguntar se eu era fotógrafa. Teve uma que inclusive me pediu para fotografar o filho dela, enquanto ele comia batatas no Mc Donald.


Almocei Humus com pão árabe (legítimo) e até comprei umas comidas e temperos diferentes num mercado palestino. Comi um doce com nozes delicioso e fiquei amiga do dono de uma salão de beleza com sala privada para mulheres com véu. Percebendo que um de seus funcionários estava tentando me "cantar", ele se aproximou e me disse "me tenha como seu pai... Tome cuidado com esse sujeito". Achei fofo. Acabei fotografando, ele, o funcionário e mais um amigo.

Depois dali, andei mais dez avenidas e cheguei num de judeus ortodoxos. Aqueles que usam tranças, chapéis pretos, e sobretudos compridos usados no verão ou no inverno. As mulheres todas elas, vestiam vestidos pretos, de mangas compridas, abotoados no pescoço, meia-calça da cor da pele, e sapatos baixos. Quase todas elas empurravam carrinhos de bebês. Ninguém sorria, eu me senti uma invasora, uma extranha, indesejada. As crianças quando me viam com a câmera penduradas no pescoço cobriam os cachinhos com gorros num movimento sincronizado como se tivessem sido ensinadas na escola.

Eu me senti mal, e fiquei com pena das crianças. Como devem ter turistas, curiosos, e malucos que fotografam os meninos como se fossem bichos de zoológico. Não consegui fazer boas fotos. Não me senti à vontade caminhando pelo bairro que lhe faz sentir na terra prometida. Talvez seja um passado de tantas perseguições e sofrimentos que fez desse grupo de judeus, caramujo no casulo. Estranho e triste porque eu queria comer comida judia, conversar com pessoas e quem sabe, se eles deixasse... fotografar, por que não?


Foi o melhor que consegui, fotos tiradas de cima da plataforma do metrô. Ainda bem que não são subterrâneas.











1 comentários:

Pequena disse...

Isso é o que faz o medo da discriminação por ser simplesmente o que se é.