Hoje assisti a um filme chamado Os Catadores e Eu, de uma cineasta francesa chamada Agnes Varda. O filme foi tema da aula que frequento na NYU.
Agnes dirige pela França, Paris e arredores em busca de catadores. De frutas, batatas, lixo. Ela encontra muita gente interessante no meio do caminho. Desde desempregados famintos em busca de comida, artistas que reviram o lixo na busca de material para obras de artes,e um professor de biologia que escolheu a vida de catador como opção de protesto sobre esse mundo de consumo, de vontades, de busca por uma satisfação insaciável.
Essa onda de viver do lixo, de protestar contra o consumismo exagerado cresce cada vez mais, em países como Estados Unidos, em cidades como NY. A idéia de viver uma vida simples, com o mínimo necessário gera discussões filosóficas, produz filmes. E me faz pensar um pouco.
Os catadores e Eu é um filme que te faz pensar.
De onde vem essa vontade que não tem fim, que não tem começo. Essa vontade de satisfazer, de me saciar de algo que eu desejo, mas não sei bem o que é. É uma mistura de ansiedade, de vontade, de querer ter e ver e provar que eu não sei de onde vem, e quanto mais eu tenho o que eu desejava, mais outras coisas eu quero ter.
Eu quero tempo para ler um livro, mas quando estou na décima página do livro eu desejo ter tempo para ver um filme e quando vou ao cinema eu quero ter tempo para ouvir uma música. Então eu levo meu I-Pod comigo por todo cato. Porque posso ouvir música enquando ando no metrô. Posso ler um livro, e ouvir a música ao mesmo tempo, enquando ando no metrô.
Às vezes, eu desejo cometer um crime daqueles irremediáveis, queme tome a liberdade, que me faça ter todo o tempo do mundo para ler e não ter opção de escolhas. Acho que a vida com poucas opções, com poucos desejos é o que na verdade satisfaz toda essa nossa ânsia por contentamento.
O filme não fala sobre vontades, sobre anseios, mas denuncia essa vida de consumo exagerado que a gente tem. As pessoas que catam para comer, seja no lixo, nas plantações, no final da feira, são pessoas que trabalham dia a dia na busca de saciar sua vontade. Vontade de comer.
Eu acho que a gente nunca consegue atingir a completa satisfação na vida porque nós não trabalhamos para saciar as vontades. Nós trabalhamos para fazer dinheiro, e com o dinheiro saciar nossas vontades. A satisfação vem em segundo plano, e acho que por isso que a gente nunca sabe ao certo para que estamos trabalhando, qual vontade queremos saciar.

Para saber mais sobre os catadores leia esta reportagem da Trip:
Xepa Engajada

E dê uma olhadinha no trabalho dos Freegans aqui em NY:
Freegan

Qualquer dia vou conferir o trabalho deles de perto e conto um pouco mais...

1 comentários:

Pequena disse...

Essa é a Sociedade do Consumo que alimenta o Mundo Capitalista e todos os seus filhotes.

Mas eu ainda acredito que, no futuro, vão perceber o caminho meio torto e extremista para o qual grande parte do mundo está caminhando e vão tentar mudar de direção.
Pode até ser que apenas de toquem quando as coisas estiverem bem, mas beeemmmm ruins... mas aí a criatividade humana vai dar um jeito de consertar.
Não dizem que os problemas na verdade são grandes oportunidades de mudanças?
Quem sabe...